Mobilização dos caminhoneiros

Greve deve provocar salários atrasados e desemprego na região

Preocupação foi apresentada por lideranças da Aliança Pelotas, na manhã desta quarta-feira

Jô Folha -

Salários atrasados e demissões tendem a ser alguns dos principais impactos da greve dos caminhoneiros na Zona Sul. Só no comércio de Pelotas, 18% dos lojistas já manifestaram preocupação com a possibilidade de não ter recursos para o pagamento dos funcionários devido à queda nas vendas. Obras paradas na construção civil, falta de matéria-prima em padarias e indústrias da alimentação, prejuízos no campo, cancelamento de reservas em hotéis - mesmo em tempos de Fenadoce -, risco de alta na inadimplência de aluguéis e queda na movimentação de setores, como o de viagens.

O cenário, ainda em aberto, foi apresentado na manhã desta quarta-feira, em coletiva de imprensa convocada pela Aliança Pelotas. Em tom de desabafo, as lideranças admitiram angústia com os impactos que ainda estão por vir, mesmo que a mobilização dos caminhoneiros chegasse ao fim. A estimativa é de que o efeito cascata - até a retomada e o escoamento das produções e a entrega de cargas retidas em estradas e fábricas - será sentido ao longo do mês de junho.

É um dos motivos, inclusive, para dificuldade de mensurar os prejuízos. "Precisamos estancar esta sangria e retomar a atividade", enfatizou o presidente da Associação Comercial de Pelotas (ACP), Mauro Bom. E, em fala objetiva, destacou a pauta justa, democrática e necessária apresentada pelos caminhoneiros, mas defendeu o fim do movimento que espalha perdas em todo o país. "Existe uma equação, uma conta invisível, que é a dos salários atrasados e a dos desempregados", lembrou.

Reflexões precisam permanecer
A preocupação com os efeitos da greve foi apenas um dos assuntos em pauta. Os integrantes da Aliança jogaram na mesa outros temas que merecem destaque; não só nos próximos meses. A origem dos recursos públicos para suprir a redução de R$ 0,46 no litro do diesel por 60 dias - anunciada pelo governo federal - é uma das tantas perguntas que seguem sem resposta. Os empresários, entretanto, sustentam: não aceitam elevação de impostos.

"Não temos mais condições de assimilar aumento de impostos. O governo precisa pensar outra saída, que é justamente criar um ambiente favorável para economia voltar a crescer", lembrou o presidente da Aliança Pelotas, Gilmar Bazanella.

A importância de investimentos em outros modais, que permitam o escoamento da produção no Brasil e especialmente na Zona Sul - cercada por águas -, e a urgência de os governos enxugarem a máquina pública são outros dois pontos que devem e precisam permanecer em debate - lembraram as lideranças.

Transporte coletivo garantido em Pelotas
Os ônibus estarão nas ruas no feriado de Corpus Christi, mas com horário de domingo. Na sexta-feira, o transporte coletivo estará disponível aos usuários, com cronograma de sábado. No final de semana, as linhas também irão circular no mesmo esquema de domingo.

Com a chegada de mais 20 mil litros de diesel à frota do Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas já está garantido: os ônibus irão rodar na segunda e na terça-feiras, mas com horários reduzidos.

Desdobramentos da(s) greve(s) pelo país
- Operação Corredores Seguros: Polícia Rodoviária Federal (PRF), Brigada Militar (BM) e Exército deram início à Operação Corredores Seguros, no começo da tarde desta quarta-feira, para liberação de rodovias do Rio Grande do Sul. A expectativa era de que comboios seriam escoltados em corredores estratégicos e seguros. Ao menos era a promessa das autoridades.
Os principais trechos com ocupação de caminhoneiros - como na BR-116, em Camaquã - seriam ocupados pelas forças de segurança para evitar nova ocupação dos manifestantes. Até o fechamento desta edição, a Operação não havia chegado a Pelotas.
- Desoneração menor para baratear o diesel: Cumprindo acordo para pôr fim à greve dos caminhoneiros, o Senado Federal aprovou o projeto de lei (PLC 52/2018) que retira diversos setores da economia da lista dos que contam com desoneração da folha de pagamentos, na noite de terça-feira. Foi mantido no texto o dispositivo que zera até o final do ano a cobrança de PIS/Cofins sobre o óleo diesel.
A desoneração permite que empresas deixem de recolher a alíquota de 20% de contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento e paguem percentual que varia de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Das 56 atividades econômicas atualmente desoneradas, metade será mantida e a outra metade voltará à contribuição previdenciária tradicional.
- TST proíbe, mas petroleiros iniciam paralisação: A Federação Única dos Petroleiros (FUP) contrariou a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e iniciou, nesta quarta, uma paralisação de 72 horas. A mobilização se concentra em refinarias do Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará e Piauí. Os trabalhadores protestam contra a privatização da Petrobras, defendem a saída do presidente Pedro Parente e pedem a redução dos preços dos combustíveis e gás de cozinha. "Os trabalhadores não vão trabalhar porque eles sabem o que está acontecendo dentro da Petrobras. Eles sabem que hoje está em curso um processo de entrega do patrimônio público", afirmou o coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel.

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